segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Parte 1: O medo sem e com meio


O medo de morrer...

Quando a morte toca a campainha, o grito contido extravasa.
Chico Xavier esteve aí para nos provar que mesmo instruído pela espiritualidade, escandalizou seu medo nas turbulências daquele voo.
Mas qual pobre mortal que não tem medo da morte?
Nas nossas mentes está cravada a informação de que algo nasce e depois de um tempo algo morre...
O fim nos assusta porque sabemos que teremos que iniciar um novo ciclo. Talvez então não seja o medo do fim, mas o medo do novo começo...
O que virá? O que terá depois daquela curva? O que nos espera? Quem ou o que estará lá? Como será minha vida depois disso? O que farei? O que serei? Quem me tornarei? O que pensarei? Vou me casar? Terei filhos? Encontrarei minha alma gêmea? Vai dar certo a festa que organizei? Mudarei de emprego? Vou conseguir pagar minhas contas? Terei mais dinheiro? Irei sofrer? Vai doer?
Por isso muitas pessoas ficam melancólicas e tristes quando chega o fim de um ano, quando alguém morre, quando a faculdade acaba, quando um casamento se esvai...tudo isto pode vir á tona...esses questionamentos todos...e as dúvidas todas que os acompanham...o desconhecido nos apavora...
Sendo a morte um estado de transformação, uma mudança de fase, a impermanência das coisas chega a nós e a tudo que nos rodeia.
Nada permanece igual para sempre.
Tudo morre para que algo se inicie.
Morrer para se transformar.
Os ciclos acabam para que outros comecem.
No ponto do fim está o ponto do início.
A morte de um, dá o começo de outro.
Morremos todos os dias ao cair da noite.
E renascemos na manhã seguinte.
Temos mesmo é medo da vida e não da morte ou do nascimento.
Temos medo do que está no meio da vida.
Estamos imersos em polaridades, nos tornamos cegos e surdos para o que está no meio...temos medo porque desconhecemos o que está em nossas vidas.
E no meio não há medo, pois o meio não é o fim, nem o começo.
Cada um vive com aquilo que tem. Não adianta ter medo do que terá. Você tem aquilo que tem e ponto.
Cada um recebe a sua própria colheita daquilo que planta. Não precisa ter medo daquilo que nem foi semeado.
Cada um recebe a obra que merece. Nem mais nem menos. O medo não muda merecimento, do que adianta ter medo então?
Cada um está onde precisa estar. Nem mais pra cá, nem mais pra lá. Exatamente no lugar exato.
Cada um vive a PERFEIÇÂO de estar do jeito que se está, onde está e quando está.
Cada um vive o que está, mas aquilo que está não é aquilo que se é.
Você pode ESTAR com medo, mas você NÃO É o medo.
Se o medo vier, aceite-o.
Aceite a vida do jeito que ela vier.
Esse é um meio de se viver sem medo.
É estar no meio sem medo da vida e daquilo que se está.
Apenas aceite você, as pessoas, seu dia, sua noite, seu fim, seu começo e sua vida...
Isso é estar em harmonia com tudo, com todos e com o Todo.
Isso é caminhar pelo meio...

Fica na paz